O Ministério Público do Trabalhou da Paraíba condenou uma igreja evangélica de João Pessoa, a pagar indenização de R$ 100 mil, por exploração e trabalho infantil, a um adolescente de 17 anos.
Quando começou a prestar serviços na igreja, o jovem tinha 14 anos e ficou lá até os 17. Ele fazia todo tipo de trabalho, como limpar banheiro, organizar o salão, fazer faxina, realizar pregações e arrecadar dinheiro.
Segundo ele, os serviços começavam às 7h da manhã e se encerrava às 23h. Ele ainda foi encarregado de tomar conta de igrejas em bairros pequenos da Capital, e também em cidades do interior.
O jovem, que não teve o nome revelado, disse que ainda era obrigado a cumprir metas e quando isso não acontecia era reduzido de patamar e voltava para a sede, onde era punido.
– Éramos obrigados a arrecadar um certo valor e se isso não acontecesse éramos reduzidos a voltar à sede, onde começava as punições como arrumar cadeiras de manhã e de noite, fazer faxina, lavar banheiro – disse ele.
O adolescente abandonou a escola e passou a se dedicar integralmente e a morar na igreja. Ele só podia ver a família com autorização do pastor. Um áudio foi gravado pelo jovem, onde o fato foi comprovado pelo MPT.
De acordo com o procurador do Ministério do Trabalho, Eduardo Varandas (foto), este caso não é isolado e há muitas queixas de exploração e trabalho infantil em igrejas e entidades sem fins lucrativos, com a justificativa de se tratar de trabalho voluntário.
– Existem outros inquéritos abertos porque a sociedade tem denunciado algumas igrejas e entidades sem fins lucrativos, que tem colocado crianças e adolescentes para ações como vender água no semáforo, espalhar panfletos nas ruas e isso é trabalho proibido por força da Constituição da República – disse.
A direção da Igreja não comentou o caso.