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Maior nome do tênis brasileiro, Maria Esther Bueno morre aos 78 anos


O tênis mundial está de luto. Faleceu, nesta sexta-feira, aos 78 anos, vítima de câncer, em São Paulo, o maior nome da história da modalidade no Brasil: Maria Esther Bueno.

 

Ex-número 1 do mundo, esta paulistana — nascida no dia 11 de outubro de 1939 — conquistou 569 torneios internacionais, com destaque para sete títulos de simples em Grand Slam: quatro no US Open, em 1959, 1963, 1964 e 1966, e três em Wimbledon, em 1959, 1960 e 1964.

 

Nas duplas, a rainha do tênis brasileiro faturou outros 11 troféus nos quatro mais importantes torneios do circuito: Aberto da Austrália (1960), Roland Garros (1960), Wimbledon (1958, 60, 63, 65 e 66) e US Open (1960, 62, 66 e 68).

 

Em 1960, se tornou a primeira mulher a vencer, nas duplas, o quatro Grand Slams na mesma temporada.

Um dos muitos reconhecimentos aos feitos de Maria Esther nas quadras aconteceu em 1978, quando se tornou o primeiro nome do país a entrar no Hall da Fama. Em 2012, Gustavo Kuerten também passou a fazer parte deste seleto grupo.

 

Com talento nato para esportes (antes do tênis, colecionou medalhas na natação), a brasileira logo frustrou os sonhos do pai, o administrador de empresas Pedro Bueno, de vê-la estudando balé.

 

Mas não demorou para que seu talento no tênis, que começou a praticar em 1950, no Clube de Regatas Tietê, a fizesse se destacar não só no país, mas no continente. Sem rivais à altura no Brasil e na América do Sul, Maria Esther optou por tentar a carreira no exterior, algo inimaginável para uma adolescente na década de 50. Com o apoio da família, se mudou para os Estados Unidos e depois para a Europa.

 

— Saí do país com 17 anos e todos os meus resultados foram conquistados lá fora. Naquela época não tinha TV nem internet, e pouca gente conhecia quem representava o Brasil na Europa. Apesar das dificuldades, quando ganhei meu primeiro Grand Slam a repercussão aqui foi incrível — lembrou a rainha, em entrevista em 1999.

 

Não raramente, Maria Esther lamentava ser mais reconhecida no exterior do que em seu próprio país:

 

— O problema é que no Brasil tudo é mais imediatista. Num dia, um jogador de futebol está lá em cima e no outro está acabado. Na Inglaterra não tem isso. Lá, não existe outra coisa a não ser a tradição. Nós não passamos a história para as novas gerações. É gozado, eles me chamam de ex-tenista. Então, o que sou agora? — questionou, na mesma entrevista.

 

Uma das últimas homenagens que a rainha recebeu no Brasil foi em dezembro de 2015, quando deu nome à quadra central do Parque Olímpico na Barra.

 

— Esse é um dos dias mais felizes da minha vida. É uma homenagem linda para mim, mas também uma grande vitória para todas as mulheres, pois mostra que nós também podemos fazer grandes coisas — disse, à época.

 

Um ano antes, a bailarina do tênis foi homenageada com uma placa e um vídeo de momentos da carreira na quadra central do Rio Open.

 

O ex-tenista Fernando Meligeni acredita que a multicampeã é insubstituível:

 

— Nunca o Brasil vai ter outro nome no tênis como Maria Esther. Sua importância é muito grande, ela só não transcendeu mais pela falta de cultura esportiva que a gente tem.

 

A paixão pelo esporte a rainha manteve até os últimos meses de vida:

 

— Ela jogava todo dia no Harmonia (clube), respirava tênis, era uma apaixonada pelo esporte — salienta Fininho.

 

HISTÓRIA EM WIMBLEDON

 

Mais tradicional torneio do mundo, Wimbledon tem em sua seleta lista de multicampeões Maria Esther Bueno. Ao todo, apenas nas simples, a rainha brasileira disputou cinco finais, vencendo as três primeiras.

 

Em 1959, então aos 19 anos e sexta cabeça de chave, o triunfo na decisão foi contra a americana Darlene Hard, por 6/4 e 6/3. Tal vitória pôs fim a uma sequência de 21 títulos seguidos das tenistas dos EUA na grama londrina e consagrou Maria Esther como a(o) primeira(o) do país a conquistar um Grand Slam nas simples.

 

Conhecida, principalmente, pela eficiência no saque e no voleio e a elegância em quadra, daí o apelido de bailarina, Maria Esther, à época, descreveu assim a histórica vitória:

 

— Não tive plano algum para derrotar Darlene. Simplesmente entrei em quadra para jogar com tranquilidade e confiança.

 

Ao voltar ao Brasil após o título, Estherzinha recebeu homenagens no Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao desembarcar no Galeão, seguiu de helicóptero da Presidência da República ao Palácio das Laranjeiras, então sede do governo federal. Na ocasião, o presidente Juscelino Kubitschek lhe condecorou com a medalha de Mérito Esportivo. Em seguida, ao chegar em São Paulo, desfilou em carro aberto do Corpo de Bombeiros.

 

No ano seguinte, já como a principal favorita em Londres, o bicampeonato veio com vitória sobre a sul-africana Sandra Reynolds, por 8/6 e 6/0.

 

O tri de simples de Maria Esther veio em 1964, ao derrotar a australiana Margareth Court, por 6/4, 7/9 e 6/3.

 

Ainda na grama sagrada, a brasileira chegou a duas finais nas simples: em 1965 e 1966.

 

Nas duplas femininas, o maior nome do tênis do Brasil disputou outras seis decisões na capital britânica. Foi campeã com a americana Althea Gibson (1958), duas vezes com Daniele Hard (1960 e 1963), uma com Billie Jean King (1965) e outra com a também americana Nancy Richey (1966).

 

Um legado sem igual no tênis brasileiro, uma lenda do esporte no mundo.

 

‘DEPOIS DO PELÉ, É MARIA ESTHER’

 

A morte de Maria Esther Bueno foi muito lamentada por jogadores e ex-atletas. Um dos maiores nomes do tênis nacional, Thomas Koch jogou com a rainha brasileira duplas mistas no Pan-Americano de São Paulo, em 1963, e também em Roland Garros:

 

— A Maria Esther foi uma pessoa muito especial para mim, uma referência. Quando comecei a viajar, ela era a referência, carregava o orgulho de ser brasileiro. Acompanhei de perto o ápice dela, a vi ganhar em Wimbledon, o US Open — relembra o ex-tenista.

 

Segundo Koch, Maria Esther tinha um ótimo saque e voleio excelentes. Para ele, a amiga é o maior nome do tênis sul-americano de todos os tempos.

 

— Tínhamos um companheirismo, uma amizade muito grande. Em Wimbledon ela era uma rainha e era sempre um prazer treinar com ela lá. Só tenho memórias boas dela.

 

Ex-número 24 do mundo e recordista de participações pelo Brasil na Davis, o ex-tenista gaúcho recorda que, graças ao prestígio da amiga em Wimbledon, nos dias de chuva, eles conseguiam treinar numa quadra coberta no Queen’s, também em Londres.

 

Koch não tem dúvidas de que os problemas físicos abreviaram a carreira da rainha:

 

— No auge ela teve uma hepatite, que a tirou quase meio ano do circuito, demorou para voltar. Depois, Maria Esther teve problema de cotovelo, joelho a consistência dela era um pouco frágil para o tipo de jogo que ela executava. Era muita pancada, e o corpo se ressentiu — relembrou

 

Dacio Campos também lamentou a morte da ex-tenista:

 

— Depois do Pelé, no Brasil, é Maria Esther Bueno, esta é a melhor definição que posso dar. Os títulos que ela obteve falam por si. Ela nasceu no Brasil, em quadra de saibro e prosperou na grama, ganhando das melhores do mundo, onde ela não tinha menor tipo de contato. Este é um dia muito triste — lamentou o ex-tenista, que trabalhou com a rainha do tênis brasileiro no Sportv, onde ambos eram comentaristas.

 

Ex-número 107 do mundo, Dacio acredita que Maria Esther teria seu enorme legado ainda mais valorizado, caso tivesse jogado numa época com transmissões pela tv:

 

— Acho que ela fez tanto pelo esporte, mas, infelizmente, muitos não tiveram noção do que ela significou, uma pena.

 

 

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