BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro participou neste sábado de uma manifestação organizada por ruralistas para apoiar o governo e contra medidas restritivas de prefeitos e governadores.

Depois de cavalgar na frente dos manifestantes usando um chapéu de boiadeiro na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro subiu em um carro de som e, fez discurso afirmando que “tiraram um canalha da cadeia”.

Segundo ele, um político solto, o ex-presidiário Luiz Inácio Lula, que também não teve no nome citado, quer ganhar a eleição por meio de fraude.

Bolsonaro repete o discurso da campanha de 2018 e, sem apresentar provas, alega que só o voto impresso é capaz de garantir a lisura das eleições.

— Quem prepara a terra e planta, é porque quer colher alguma coisa lá na frente. Se tiraram da cadeira o maior canalha da História do Brasil, se para esse canalha foi dado o direito de concorrer, o que me parece é que se não tivermos o voto auditável, esse canalha ganha as eleições do ano que vem — disse Bolsonaro, em referência a Lula.

Bolsonaro caminhou entre os manifestantes, que criticavam tanto os ministros do Supremo quanto os membros da CPI da Covid.

Bolsonaristas também se reuniram neste sábado na Avenida Paulista, em frente ao prédio da Fiesp, em São Paulo, para defender pautas do governo. O ato foi organizado pela Marcha da Família.

Manifestação de ruralistas em Brasília mira o STF e CPI da Covid: ato contou com participação de Bolsonaro Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Ao som de gritos de “eu autorizo, eu autorizo”, uma referência ao discurso do próprio Bolsonaro de que esperava um pedido do povo para adotar medidas contra as medidas de isolamento social na pandemia, o presidente afirmou que não se pode “assistir passivamente tantos desmandos”:

— Não podemos assistir passivamente tantos desmandos, tantas arbitrariedades que vocês bem viram ao longo do último ano. Parece que tínhamos que passar por isso para dar valor à nossa liberdade.

O presidente disse que “direitos” estão sendo “suprimidos” e que “acabou esse tempo”:

— Não queremos o confronto com ninguém. Mas não ousem confrontar ou roubar a liberdade do nosso povo. Vocês tem todo o direito de ir e vir, o direito à crença, o direito de trabalhar. E, sem qualquer critério, esses direitos foram suprimidos de vocês. Acabou esse tempo. Isso não voltará a acontecer. Afinal de contas, esse dispositivo constitucional é um dever de todos nós respeitar.

Bolsonaro destacou que muitos apoiadores querem “solução rápida para tudo”, mas afirmou que todos os seus ministros tem o mesmo propósito de “servir à sua pátria” e “preservar a nossa liberdade”.

Diversos ministros do governo federal estiveram presentes, como Walter Braga Netto (Defesa), Anderson Torres (Justiça), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tezera Cristina (Agricultura), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Bolsonaro também falou em “reunião de vagabundos” — repetindo o termo usado por um dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), para se referir ao relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL) — e disse que não iria dar “palanque”.

— Você falou a palavra “súcia”. Alguém sabe o que o significado de súcia? É a reunião de vagabundos. É a turminha deles. Mas não vamos dar palanque. Todo mundo já conhece quem é esse cara e qual o seu papel.

Helicóptero carregando Bolsonaro sobrevoa protesto em Brasília Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Helicóptero carregando Bolsonaro sobrevoa protesto em Brasília Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Antes da chegada de Bolsonaro, dois helicópteros da Presidência sobrevoaram a manifestação em Brasília, por volta das 15h, para observação. Depois de darem duas voltas, as aeronaves retornaram para o Palácio da Alvorada. Pela manhã, o presidente avisou nas redes sociais que estaria “com o povo” na Esplanada.

Dois atos diferentes estavam marcados para este domingo na capital federal: um de religiosos, pela manhã, e outro de produtores agropecuários, de tarde. Na prática, no entanto, houve uma mistura entre os dois grupos.

Outro ponto muito citado foi o chamado “voto impresso auditável”. A presidente da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), Bia Kicis, autora de uma proposta sobre este tema, discursou no carro de som e pediu para os manifestantes gritarem alto o suficiente para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, escutar.