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Preso em ação antiterror foi afastado de academia de boxe na Paraíba

‘Ahmed’ frequentou local, que tinha sala de oração, durante um ano.
Suspeito foi preso em João Pessoa na última quinta-feira (21).

Suspeito de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico foi encontrado em João Pessoa e levado para Brasília. (Foto: Walter Paparazzo/G1)

Preso na Paraíba durante a operação antiterrorismo Hashtag, Antônio Andrade dos Santos Júnior, foi afastado de uma academia de boxe onde, além do esporte, praticava orações islâmicas em João Pessoa. Antônio foi preso na quinta-feira (21) em João Pessoa, como um dos dez suspeitos de participar de atos preparatórios de ação terrorista, durante a operação realizada pelaPolícia Federal.

Segundo o ex-lutador e treinador de boxe Muhammad Al Mesquita, dono da academia em que há uma sala de oração islâmica, o afastamento aconteceu porque Antônio fazia interpretações erradas sobre o Alcorão, livro sagrado do Islamismo. “Nós, mulçumanos, devemos seguir exatamente o que diz o Alcorão, mas a forma como ele encarava, como queria viver, é completamente errônea. Ele fazia interpretações pessoais e isso não pode ser feito”, disse Al Mesquita. Segundo o treinador, há cerca de três anos o suspeito não visitou mais a academia.

Um dos trechos que Antônio interpretava de maneira incorreta, segundo o dono da academia, é o que trata sobre guerra pessoais. “O Alcorão diz: combateis de acordo com tua guerra, porém não cometeis agressão, pois Alá não ama os agressores. Ou seja, Deus não ama aqueles que agridem. Quando o Alcorão fala em guerra, ele fala na guerra pessoal, nos desafios diários de cada um. Por exemplo, minha guerra é acordar às 5h30 todos os dias e trabalhar até a noite”, disse.

Apesar disso, Al Mesquita afirmou que Antônio era uma pessoa de boa convivência. “Aqui na academia ele era uma pessoa excelente, maravilhosa, altamente amigo, comunicativo, sorridente”, afirmou.

Segundo otreinador, Antônio Andrade procurou o estabelecimento inicialmente para treinar o esporte. “Ele veio para cá fazer esporte. Aqui nós tratamos o esporte como a fé, aquele que nos procurar a gente apoia”, explicou o treinador.

O suspeito era batizado cristão e passou a conhecer o islã durante os treinos, se convertendo à religião no período em que praticava no local. Ele passou a adotar o nome de Ahmed Al-Falluji e, entre um treino e outro, também realizava orações na mussala, uma sala de orações que existe na academia.

O treinador explica que após cerca de um ano de treino e de religião, Ahmed passou a apresentar sinais de que interpretava o islamismo “da forma dele”. “E tem que ser da forma que está escrito e em cima de meditação. Você pode achar que é uma coisa, mas você precisa buscar alguém mais sábio”, explica Al Mesquita.

“Quando ele começou a interpretar desta forma, eu cheguei para ele e falei: ‘do jeito que você está entendendo o Alcorão, não é bom. Eu peço a você que se afaste do meio da gente’”, explica Al Mesquita.

Perfil na internet
Na internet, Antônio Andrade parecia manter dois perfis diferentes. De um lado, o Antônio Ahmed, que defendia o extremismo islâmico por meio de um canal no Youtube, um página no Facebook e também pelo site “Por que deixei o cristianismo”, no ar desde 2008. De outro, o Antônio Andrade Silva, pesquisador sobre marketing de guerrilha, tema do Trabalho de Conclusão de Curso em comunicação social por uma faculdade particular paraibana, em 2007. O Antônio Andrade também é fã dos Beatles e mantém um perfil no Soundcloud, um site de compartilhamento de áudios, onde cantava covers do grupo britânico.

Na internet, Antônio “Ahmed” Andrade mantinha dois blogs diferentes, um sobre o islamismo e outro sobre marketing de guerrilha (Foto: Reprodução/Internet)

Operação antiterrorismo
A operação antiterrorismo aconteceu em todo o país a duas semanas do início da Olimpíada do Rio. Além da Paraíba, as prisões aconteceram no Amazonas, no Ceará, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul, de acordo com a assessoria do Ministério da Justiça.

Foram expedidos 12 mandados de prisão pela 14ª Vara da Justiça Federal do Paraná e os suspeitos ficarão presos temporariamente por 30 dias, podendo ser prorrogado por mais um mês.

Segundo o Ministério da Justiça, a Operação intitulada “Hashtag” encontrou as informações a partir de comentários nas redes sociais e mensagens de texto para “atos preparatórios” para atentados terroristas. “A partir do momento que saíram daquilo que é quase uma apologia ao terrorismo, para atos preparatórios, foi feita prontamente a ação do governo federal”, observou o Ministério da Justiça.

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