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Dodge diz que objetivo da prisão é descobrir como e onde Pezão ocultou propina

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu urgência ao STF na apreciação do assunto Foto: Jorge William / 16.10.2018

BRASÍLIA – A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta quinta-feira que a prisão preventiva do governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB) tem o objetivo de localizar a propina recebida e ocultada por ele ao menos entre 2007 e 2015 e que há suspeitas de que o emedebista continua praticando o crime de lavagem de dinheiro desses recursos ilícitos. Os investigadores também apontaram que Pezão continuou recebendo propina mesmo depois de ter assumido o governo do Rio e que estão rastreando a possibilidade de existência de dinheiro no exterior ligado a ele.

 

Após a prisão de Pezão na manhã desta quinta, Dodge convocou a imprensa para um raro pronunciamento público – até hoje desde que assumiu a Procuradoria-Geral da República, ela nunca havia se pronunciado sobre um caso sob investigação. Justificou dizendo que a “gravidade” do caso demandava explicações à sociedade e afirmou que a investigação obteve “informações de práticas criminosas muito graves e que estavam em curso e que precisavam ser obstadas por um pedido de prisão preventiva”.

 

– A lavagem de dinheiro consiste em ocultar ou dissimular onde o dinheiro desviado está. Isto, pelas informações reunidas nessas investigações, continua a ser feito. Como é um crime igualmente grave, porque se o dinheiro desviado pela corrupção continua na posse de quem o desviou, o patrimônio público terá dificuldade em ser recomposto. Em razão da organização criminosa estar atuando e de o crime de lavagem de dinheiro ainda estar em curso, sobretudo em razão das facilidade que têm ocupantes de cargos públicos de dissimular essa ocultação, entendemos que era o momento de apresentar ao Superior Tribunal de Justiça esse pedido de prisão preventiva – afirmou.

 

Dodge apontou que o pedido de bloqueio de R$ 39 milhões contra os alvos da operação, solicitado pela PGR e autorizado pelo STJ, tem o objetivo de permitir o retorno dos recursos públicos desviados.

 

– Esses detalhes do modo, o local e como está sendo feita a lavagem é inclusive parte do processo investigatório em curso e parte da necessidade que justifica o pedido de prisão preventiva. Descobrir onde esse dinheiro está, se ele está em espécie, depositado em contas no território brasileiro ou no exterior, nós estamos com essas medidas cautelares aprofundando essa investigação sobretudo para localizar essas verbas e requerer ao poder Judiciário que determine o retorno dessas verbas aos cofres públicos – disse a PGR.

 

Participaram também da entrevista coletiva o procurador Leonardo Cardoso de Freitas, da força-tarefa da Lava Jato no Rio, e a procuradora Raquel Branquinho, coordenadora de assuntos penais da PGR.

 

De acordo com o procurador Leonardo de Freitas, a propina paga a Pezão, que somou cerca de R$ 39 milhões em valores atualizados, teve origem principalmente em duas fontes: uma mesada operada pelo ex-secretário Carlos Miranda e paga a Pezão quando ele era vice-governador de Sérgio Cabral e repasses da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio (Fetranspor).

 

– A organização criminosa se reinventou, com uma sucessão de pessoas exatamente nos postos que levaram à prisão lá atrás desse primeiro time, nesse primeiro momento dessa organização. Assim, o senhor Sérgio Cabral foi sucedido pelo senhor Pezao. Senhor Wilson Carlos foi sucedido pelo Afonso Monnerat (secretário de Governo de Pezão), que já foi preso na Operação Furna da Onça. E por último Hudson Braga, secretário de obras, foi sucedido pelo José Iran (secretário de Obras de Pezão) e também preso na data de hoje – explicou o procurador.

 

Segundo o procurador, há provas nos autos de que Pezão continuou recebendo propina após assumir o governo do Rio, em 2014. Ele, porém, não deu detalhes sobre esses recebimentos.

 

Questionada sobre as razões de prender Pezão a poucas semanas do fim de seu governo, Branquinho afirmou que seguiram o ritmo natural da investigação e que a PGR não pode se pautar por calendários externos.

 

– A investigação tem seu ritmo também e nem sempre dá pra ficar se pautando com situações como final de mandato e começo de mandato – afirmou.

 

O procurador Leonardo de Freitas fez referência ainda a uma pergunta feita por jornalistas na ocasião da prisão do ex-governador Sérgio Cabral na Operação Calicute, em 17 de novembro de 2016, para justificar a operação.

 

– Há cerca de dois anos, quando da prisão do senhor Sérgio Cabral na Operação Calicute, vocês me fizeram uma pergunta, que foi ‘e o Pezao?’. Nós não esquecemos a pergunta de vocês e estamos aqui hoje pra responder a essa pergunta.

 

 

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