Ex-governador foi recebido com festa, que incluiu queima de fogos de artifício e espumante, ao entrar no presídio, inaugurado em sua gestão
O ex-governador do Rio de Janeiro preso nesta quinta (17), Sérgio Cabral, teve a cabeça raspada e adota o padrão de uniforme comum aos demais presos. Ele se recusou a comer no Complexo Penitenciário de Gericinó, Bangu 8, inaugurado em sua própria gestão.
Cabral foi preso na ‘Operação Calicute’, ação conjunta da força-tarefa da Operação Lava Jato no estado do Rio com a Operação Lava Jato no Paraná. O MPF descobriu através de delação que o ex-governador cobrava uma espécie de mesada milionária de empreiteiras. O prejuízo foi estimado em mais de R$ 220 milhões.
“O esquema consistia numa cobrança de mesada feita pelo ex-governador. As licitações eram fraudadas e eram realizados esses pagamentos, que ocorreram entre 2007 e 2014”, afirmou o procurador. Da Andrade Gutierrez vinham R$ 350 mil e da Carioca Engenharia R$ 200 mil, no primeiro mandato e R$ 500 mil, no segundo.
Também foram presos Wilson Carvalho (ex-secretário de governo de suas duas gestões); Hudson Braga (ex-secretário de obras), e mais sete participantes do esquema. Cabral, os ex-secretários e cinco dos acusados tiveram prisão preventiva, por tempo indeterminado, decretada. Um deles é Carlos Bezerra, amigo de infância de Cabral e assessor do ex-presidente da Assembleia Legislativa Paulo Melo.
Segundo as investigações, Bezerra pagou contas, com dinheiro ilícito, do círculo familiar do ex-governador. No processo, pelo menos três pagamentos estão listados: as faturas do cartão de créditos da mãe dele, Magaly Cabral, e para o cachorro-quente na festa do filho de Cabral – uma compra no valor de R$ 1.070. A polícia encontrou transferência de 10 mil euros para Susana Neves, ex-mulher dele, e de R$ 30 mil para Adriana Ancelmo, sua atual esposa.