Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (17) que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2018 “teria feito bem à democracia brasileira”.

Antes do pleito, Lula foi julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acabou impedido de se candidatar por seis votos a um, com base na Lei da Ficha Limpa. Fachin votou a favor da possibilidade do petista integrar a disputa.

O ex-presidente havia sido condenado antes na segunda instância da Justiça por envolvimento em casos de corrupção. Ao longo da palestra, o ministro afirmou que a escalada autoritária no país começou em 2018 e destacou a importância para a democracia de haver equanimidade entre candidatos para disputar eleições.

“O tempo mostrou que teria feito bem à democracia brasileiro se a tese que sustentei no TSE tivesse prosperado na Justiça Eleitoral. Fazer fortalecer no Estado democrático o império da lei igual para todos é imprescindível, especialmente para não tolher direitos políticos”, disse o ministro na abertura do Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.

Fachin ressaltou a convicção de que o petista deveria ter disputado a eleição vencida por Jair Bolsonaro , que derrotou Fernando Haddad (PT), no segundo turno.

“No julgamento no TSE em que esteve em pauta a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fiquei vencido, mas mantenho a convicção de que não há democracia sem ruído, sem direitos políticos de quem quer que seja. Não nos deixemos levar pelos ódios”, afirmou Fachin.

Fachin ainda comparou a situação brasileira com a da Itália quando Benito Mussolini subiu ao poder, nos anos 20. “Atentemos para aqueles que consideram os princípios constitucionais um estorvo”, alertou.